sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os Pássaros de Kundera

"Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.” Trecho- A insustentável leveza do ser - Milan Kundera
Reuniram-se os pássaros no dia que a conheci. Não há nessa vida quem possa garantir eternidade, apesar do desejo de muitos amantes, apesar da esperança de muita gente, não há quem ou o que possa provar que tudo que se encerra acaba aqui, e tudo o que acaba aqui não pode, assim, acabar antes.

Mas enquanto, isso, permanecemos, felizes ao sabor do instante, do vento que ainda não mudou, da maré que permanece a mesma. Ela me perguntou se alguma vez eu havia duvidado. Se houvesse dúvida, não haveria nada. Pode ser que eu tenha duvidado da minha capacidade, de mudar de rumo, de carregar uma vida quase nova. Mas nunca, nunca duvidei do amor. Eu disse a ela que quando viesse a primeira dúvida seria a última, seria a única, seria o fim.

Nunca duvidei desse amor em específico que para mim é uma metáfora do que seja amor de verdade. Se alguém me pergunta o que é amor, de pronto responderei: Amor é quando eu amo aquela moça. Se é sobre sentimentos, então que seja apenas sobre o que posso sentir. E o acaso prossegue moldando destinos, enquanto nos perguntamos se estamos debaixo de uma ordem maior, mesmo sabendo que somos apenas poeira das estrelas.

Há em mim e ainda haverá, muito amor pra dar. E que seja maior que a saudade e maior que a tristeza. Que seja maior que qualquer certeza, que não é a própria certeza do amor. Que não seja só palavra besta, balbuciada na véspera do carinho. E que os Pássaros estejam sempre por aqui, para que eu prossiga guardando a alegria, mesmo na adversidade, feito arte que    vai mostrar o belo, onde o mundo inteiro só consegue ver feiura.