terça-feira, 14 de setembro de 2010

Runner

Nos meus sonhos mais tranquilos tudo passa devagar. Os carros se movem como se os segundos se arrastassem, as pessoas param em restaurantes, cafés e gramados, falam sobre si, sobre os outros, sobre o mundo, sem pressa.

Mas quando retorno ao mundo onde vivo, tudo acontece apressadamente, horas são cada vez menores, mesmo que contenham sempre os mesmos sessenta minutos. Estou certo que não sou o atleta correndo em direção a um prêmio, sou um fugitivo.

Me falta ainda um pouco de luz para que eu saiba o rumo que estou tomando, o que sei é que desvio de olhares e de gestos, talvez porque eu já nem os reconheça mais entre figuras inanimadas ou entre árvores e pedras.

E como as leis da Física não se aplicam ao pensamento, é preciso mais que uma força ordinária para que me mude a trajetória. Preciso de um cataclisma, de um evento catastrófico, uma explosão de coisas novas. A escada que leva aos andares superiores está coberta com os mesmos ladrilhos dos degraus da porta da rua.